quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Como está o Jorge???




Sim, depois de mais de um ano desde a última postagem, a pergunta é "como está o Jorge?"
Então, venho por meio desta postagem dizer que nos alegramos muito em compartilhar que o Jorge vai indo muito bem!!

Depois de muitos percalços e altos e baixos na luta pela recuperação do Jorge, podemos dizer que, neste momento, sua rotina está bastante bem estruturada numa variedade de atividades as quais ele tem realizado com regularidade e prazer. Por mais de oito meses agora, o Jorge segue numa estabilidade que só vem a colaborar com o seu crescente progresso.

Nessa caminhada, onde tudo é muito desconhecido para nós, o grande desafio é manter o Jorge numa rotina de atividades e estímulos que seja equilibrada. Não pode ser pra menos, e também não pode ser pra mais... tem que ser na "medida", o que é algo abstrato dentro da Lesão Axonal Difusa. A palavra "difusa" significa espalhada, por isso nem os médicos conseguem dizer exatamente o que precisa ser estimulado e nem como. Dizem qual área do cérebro foi mais afetada e que é preciso estimular... Como? Onde? Com quem? É um trabalho de pesquisa, visitas a instituições, tentativas e erros, e decepções diante de expectativas frustradas. E lidar com a angústia e sentimento de "será que estamos fazendo o suficiente?"

Contudo, somos gratos a Deus, que tem renovado as forças, especialmente dos nossos pais que, diariamente, tem nos mostrado um grande exemplo de amor incondicional por um filho! No dia 17 de dezembro, completou um ano que o Jorge foi entregue definitivamente a eles. E nossos pais tem se dedicado como quem se dedica à uma missão. Muitas vezes sentem-se cansados, precisam se envolver com seus próprios problemas de saúde, mas não desanimam e nem desistem!

Das várias atividades que o Jorge realiza, entre elas as sessões de psicopedagogia, fonoaudiologia, academia, eu gostaria de destacar nessa postagem, especialmente, duas.

Uma delas é a musicoterapia, que o Jorge segue fazendo duas vezes na semana. A música sempre foi um grande prazer para o Jorge e, através dela, o Jorge solta a voz e conquista inúmeras evoluções neurológicas. Gustavo é o musicoterapeuta e aproveito a oportunidade para te agradecer, Gustavo, em nome de nossa família, por tua dedicação, amizade e carinho para com o Jorge.  Segue um relato do próprio Gustavo:

" Tenho notado que nesses últimos cinco  meses o Jorge vem apresentando uma melhor evolução em pelo menos três aspectos: memória declarativa, concentração e tomada de decisões.

Durante as ultimas sessões de musicoterapia começamos a trabalhar esses aspectos através de técnicas de composição de improvisação, que são  técnicas utilizadas para ajudar o Jorge a criar algo inédito como letras de músicas, melodias ou sons de forma estruturada e semi-orientadas por mim.  Essas técnicas foram utilizadas porque sentíamos que o Jorge precisava acrescentar algo que partisse dele, dos sentimentos dele e não apenas fizesse atividades onde ele sempre aceitasse as ideias dos outros, como se não tivesse vontade própria, assim dando um maior sentido à sua auto-expressão, formação de identidade, explorando aspectos do seu eu na relação com os outros, desenvolvendo a criatividade, a espontaneidade, a  capacidade lúdica, habilidades de planejamento e organização, formas de entender e solucionar problemas de forma criativa, promovendo a auto-responsabilidade  e por fim desenvolver a habilidade de integrar e sintetizar partes em um todo onde pedíamos para ele tocar, por exemplo, cinco notas e ele fazer sempre a mesma nota cinco vezes, sem entender o que lhe era proposto, hoje ele já faz todas as notas musicais que eu lhe solicito em dois instrumentos diferentes, violão e metalofone!   Também, quando lhe apresento três atividades diferentes ele escolhe qual ele quer fazer primeiro, o que antes não acontecia, era sempre eu quem escolhia por ele qual começar.  isso já demonstra um grande avanço em sua tomada de decisões. Hoje ele ja sabe me dizer o nome de até 10 instrumentos diferentes, onde antes só reconhecia o violão, bateria e o teclado. Isso é um exemplo de evolução em sua memória declarativa, que é aquela memória onde aprendemos determinadas coisas que ficam guardadas no nosso inconsciente e que em situações futuras específicas a utilizamos para realizar determinadas tarefas, como tocar sem precisar ler a música em uma partitura. 
   
     Eu realmente estou muito satisfeito e feliz com as evoluções que o Jorge vem apresentando e eu me empolgo um pouco quando começo a falar.

  Ah, quase esqueci de dize:r este ano ele nunca mais tentou fugir das sessões dando a desculpa de ir ao banheiro, está enfrentando as atividades, mesmo quando ele acha muito difícil, mas não desiste e vai até o fim."

Legal, Gustavo, valeu!! "Pena" que tu vais deixá-lo... mas entendemos que é por uma boa causa. Te desejamos muita sorte para o próximo ano!

A outra atividade que eu gostaria de destacar é totalmente inusitada e, para mim, exemplo de verdadeira aceitação e inclusão. Nosso primo, Marcelo, há pouco mais de um ano atrás, sofreu um assalto e, por consequência de um tiro, se encontra hoje em uma cadeira de rodas, ou seja, está enfrentando as próprias e "não pequenas'' dificuldades que a vida tem lhe apresentado.  Em sua empresa, o Marcelo tem recebido o Jorge e ocupado ele nas mais diversas atividades: organizando estoque, acompanhando visitas a clientes, carregando e descarregando material, enfim, o Jorge está "trabalhando" com o Marcelo!!! E, enquanto o Jorge tem dado ao Marcelo um pouco de suas pernas, o Marcelo vai devolvendo ao primo um senso de dignidade e de valor, essenciais na vida de qualquer pessoa!

Marcelo, querido, obrigada por acolher e ocupar o Jorge! Não sei se um dia conseguiremos dimensionar os efeitos que esse teu acolhimento tem e terá sobre o nosso Kiki!

Pra terminar, gostaria de compartilhar uma frase que li e muito me tocou, pensando em toda a história do Jorge desde seu acidente:

"A plenitude da evolução do homem começará a ser alcançada quando pararmos de fazer as coisas por favor para fazermos por amor."  (André Saut)

ALGUMAS FOTOS: